O Uso do Incenso no Rito Adonhiramita

INTRODUÇÃO

A Incensação tem origem nos mais remotos costumes religiosos da civilização humana, há séculos, os místicos perceberam que a inalação de certas substâncias, especialmente quando aromáticas afetavam as glândulas, que também, têm funções psíquicas, estimulando-as e acelerando-as.
Quando essas substâncias não podiam ser obtidas diretamente na natureza (madeiras, flores e ervas), o homem passou a fabricar compostos a partir das essências naturais e a propagá-las nos ambientes, por entre perfumes e incensos. A adoção místico-religiosa dos incensos partiu do seguinte princípio: se as fragrâncias suaves eram agradáveis ao homem, deveriam ser, também, igualmente bem recebidas pelos deuses.
A mais antiga referência ao uso de substâncias aromáticas encontra-se em uma inscrição da 11ª Dinastia do Egito quando o rei Sankhara (2010 a.C. – 1998 a.C), enviou uma expedição através do deserto à região de Punt, hoje conhecida como Etiópia, na busca dessas substâncias.

No antigo Egito o corpo dos mortos era preparado para os ritos funerários com o uso de incenso e óleos aromáticos, com o fim de afastar os maus espíritos que seguiam somente os odores nauseabundos.

Acreditava-se que a fumaça levava para o alto as preces dos homens, estabelecendo uma perfeita harmonização com as divindades.

Determinando a construção do Tabernáculo, Deus disse a Moisés que ele fizesse um Altar para queimar incenso, conforme registra a Bíblia:

“Farás também um Altar para queimar nele o incenso; de madeira de acácia o farás” (Êxodo 30:1)

Os três presentes oferecidos pelos Três Reis Magos vindos do Oriente ao menino Jesus, eram os presentes mais preciosos que alguém poderia ofertar há 2 mil anos: Ouro, Mirra e Incenso (Olíbano).

 

O RITO ADONHIRAMITA

As Cerimônias de Incensação e do Fogo são praticadas atualmente apenas no Rito Adonhiramita.

Esta cerimônia representa uma espécie de profilaxia ambiental, a Incensação deixa o ambiente físico do Templo impregnado do agradável odor da essência utilizada, por outro lado, a tradição nos informa que esta cerimônia afasta do meio místico e esotérico do templo as sombras ou entidades maléficas, que por acaso, se disponham a perturbar as Luzes da Loja, e, consequentemente, os seus trabalhos.

A incensação tem como valor simbólico a associação do homem à divindade, do finito ao infinito e do mortal ao imortal. Ao disseminar a fumaça se está purificando o ambiente tanto no sentido físico por tratar-se de substância com propriedades anti-sépticas, como espiritual, pois o incenso tem a incumbência de elevar a prece para o céu. A incensação gera uma atmosfera de aroma agradável e magnetiza com fluidos benéficos os obreiros e o ambiente, contribuindo para a formação da egrégora e propiciando à reflexão.

No ato da Incensação são invocadas as três palavras que sintetizam atributos do G ∴A ∴D∴U∴ SABEDORIA, FORÇA e BELEZA. Por esses motivos, é que, ao nos incensarmos, nos limpamos, ou melhor, purificamos a nós e ao ambiente, favorecendo a permanência da egrégora.

Durante a cerimônia da incensação, depois que o Am∴ Ir∴  M∴ de CCer∴ efetua a incensação do Templo e de todos os llr∴ ele troca de lugar e função com o Am∴ Ir∴  Cobr∴ Int∴ e este, com a porta entreaberta, mas, sem sair do Templo incensa o átrio.

Esta tarefa de incensar o átrio somente pode ser executada pelo Am∴ Ir∴  Cobr∴ Int∴ porque ele é o único que está protegido e capacitado mística e esotericamente para se expor às energias que circulam fora do Templo, Tanto é que o nosso próprio ritual aconselha que este cargo seja ocupado pelo ex-Ven∴ Mestr∴ mais recente, pois ele, dentre todos, é quem possui os atributos místicos e esotéricos para suportar tais energias e impedir que as mesmas adentrem o interior do Templo.

Por este motivo também, é que o Am∴ Ir∴ Cobr∴ Int∴ ocupa o seu lugar sobre a linha simbólica do equador, de frente para o Ven∴ Mestr∴ invertendo a polaridade das energias, ou seja, atraindo para si, todas as energias negativas ou que excedam o suportável pela Egrégora da Loja, como se fosse um para-raios.

A própria troca de funções do Am∴ Ir∴ Cobr∴ Int∴  com o Am∴ Ir∴  Mest∴ de CCer∴ através do giro, é um ato personalíssimo do Rito Adonhiramita, pois ambos se interligam formando um X (xis) com as mãos, ou seja, mão direita com mão direita e mão esquerda com mão esquerda, doando e recebendo, ao mesmo tempo em que, girando, as energias e atributos são permutados qualificando um e outro para sequência cerimonial. Destrocando logo em seguida, na mesma forma.

 

A CERIMÔNIA DA INCENSAÇÃO

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CONCLUSÃO

O incenso tem um duplo significado. Ele sobe para o G∴ A∴ D∴ U∴ como um símbolo das orações dos irmãos; mas também se espalha pelo Templo como um símbolo do suave perfume da bênção divina, com a ideia de que, onde quer que o aroma possa penetrar, por onde quer que a menor de suas partículas possa passar, levará consigo um sentimento de paz e de pureza, expulsando todos os pensamentos não-harmoniosos.

Com o ofício da incensação , obtêm-se quatro objetivos distintos:

Primeiro: Seja qual for o escopo da parte invocatória do serviço, numerosas pessoas se reúnem para orar ou meditar, criando assim uma forma-pensamento de grandes proporções;

Segundo: Uma boa soma de força flui em consequência, e ativa as faculdades espirituais dos participantes;

Terceiro: O esforço simultâneo sincroniza as vibrações de seus corpos, tornando-os com isso, mais receptivos;

Quarto: Sendo sua atenção concentrada no mesmo objetivo, cooperam eles entre si, e há, portanto, estímulos recíprocos.

Durante nossas seções maçônicas, e mesmo nos períodos de meditação, quando isoladamente nos preparamos para comungar com o G∴ A∴ D∴ U∴ no nosso templo interior, devemos buscar meios que facilitem a ligação espiritual do homem com o seu criador.

 

BIBLIOGRAFIA

D'ELIA Junior, Raymundo. Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz. São Paulo: Madras, 2007.

Ritual: Rito Adonhiramita / Grande Oriente do Brasil, Paulo, 2009.

SILVA, Marcos José Santos da, Simbolismos Do Rito Adonhiramita, Revista Arte Real, Disponível em: <https://www.revistaartereal.com.br/>

BAKER, Christopher P. O incenso que valia mais que ouro e já foi considerado a cura para todas as doenças. BBC Brasil,  1 de Nov. de 2020. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-52951104 >. Acesso em: 20 de Set. de 2022.

One comment on “O Uso do Incenso no Rito Adonhiramita”

  1. Paulo Almeida disse:

    Excelente trabalho com informações relevantes pois sobre a arrumação do Templo os AAm.: IIr.: têm a oportunidade de já saber onde e como se posicionar numa Sessão Adoniramita.

    .. .

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