Regularidade e Reconhecimento Maçônico
Entender regularidade e reconhecimento requer que você entenda alguns aspectos históricos em uma borbulhante massa de eventos assíncronos nos séculos passados. É a verdade de Aristóteles e Platão, baseada em fatos e eventos que levaram ao surgimento das obediências existentes hoje no Brasil.
– Um alerta: Se você estiver engajado em uma entidade irregular, esse texto poderá revelar um véu de enganações em que você pode ter sucumbido. Talvez você não concorde de imediato, que negue a realidade, que queira argumentar baseado em teorias relativistas sobre o assunto: Puro ego.
Saiba que a maçonaria regular e legítima QUER força de trabalho e QUER a associação do máximo de membros possíveis. Entretanto, você é quem precisa dar o primeiro passo, sendo sincero para consigo mesmo e para sua família, buscando estudar e entender o que se passa na sua vida neste momento e com a entidade onde foi recrutado.
Muito se fala em lojas reconhecidas, potências não reconhecidas, lojas mistas, tratados e tudo mais. Para os recém chegados ao seio da maçonaria tudo parece muito confuso, afinal, quando ainda éramos candidatos pensávamos que a maçonaria era uma instituição única e universal igual a clubes de serviços como Lions e Rotary.
Ledo engano, a maçonaria não tem marca registrada, mas tem seu próprio sistema organizacional, a shirarquia, e o fato é que a maçonaria é uma grande família mundial, e como tal, para a ela pertencer, você tem que descender de algum membro real (ou regular) desta família.
Ser “maçom” de uma loja irregular, é como dizer que é herdeiro do trono de Portugal… Talvez até alguns acreditem, mas não reproduz verdade ou o verdadeiro poder e efeitos que isso congrega.
A maçonaria, é uma ordem fraterna que congrega homens em lojas (grupos de pessoas), que por sua vez são agrupados em potências, mesma coisa que obediências, que são os grupos de lojas. Ela utiliza de sistemas de aprendizado baseado nos antigos ensinamentos esotéricos, gnósticos, filosóficos, etc. Esse conhecimento é transmitido em sessões, realizadas em em lojas maçônicas, através de protocolos e metodologias que denominamos “ritos”.
Hoje, a maçonaria regular universal possui mais de seis milhões de membros espalhados por quase todos países no mundo. Em geral, cada país possui pelo menos uma potência regular que organiza as lojas existentes naquela região em uma mesma cadeia administrativa. Aqui no Brasil, atualmente existem somente três grupos regulares: O Grande Oriente do Brasil (GOB), a Confederação Maçônica do Brasil (COMAB) e os filiados à Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB), mais adiante vamos falar sobre esses grupos e suas peculiaridades.
História da maçonaria
No início, a maçonaria era composta por grupos que buscavam seu aprimoramento e auto-proteção, composta exclusivamente por pedreiros, arquitetos ou construtores (artesãos), ou seja, pessoas que trabalhavam na construção civil. Obras como as catedrais de Reims, Estrasburgo, a basílica de São Pedro em Roma, de Sevilha, de Toledo e a famosa catedral de Notre Dame em Paris, entre outros, foram construídas por maçons. Por isso a geometria é tão empregada na maçonaria, antigamente por uso prático e metafórico, hoje, exclusivamente na metáfora da construção do individuo como alicerce de uma sociedade mais justa, humana e igualitária.
Os primeiros documentos conhecidos da maçonaria estão contidos no Manuscrito de Halliwell, ou mais conhecido por Poema Regius, eles contam como o ofício de livre maçom foi introduzido na Inglaterra durante o reinado do Rei Etelstano (924 a 939 – DC), não se sabe a data exata em que foram escritos, mas a ciência moderna apurou com a datação de Bond, que os documentos são da metade do século XV. Em seguida, temos o Manuscrito de Matthew Cooke, ou “Constituições Góticas da Maçonaria”, abordando diversos outros aspectos como a geometria equiparando-se a própria arte de maçonaria, e assim vários outros documentos foram sendo descobertos ao longo dos séculos, cada qual dando sua parcela de contribuição para os trabalhos como conhecemos hoje.
Há um descritivo de que em 1646, Elias Ashmole, um antiquário, politico, oficial de armas e estudante de astrologia e alquimia britânico, fora feito maçom em uma loja de homens que não trabalhavam na construção civil, sendo os primeiros relatos do surgimento da maçonaria especulativa. Nos anos de 1660 há mais evidências históricas de lojas que iniciavam membros que não eram trabalhadores da construção.
Logo, a maçonaria operativa era composta exclusivamente por construtores, pedreiros e arquitetos, enquanto a maçonaria especulativa, foram as lojas que congregavam pessoas de outras profissões, na forma que conhecemos hoje.
A partir do século XVIII a humanidade começa a experimentar o iluminismo, um movimento intelectual e filosófico que mudou o mundo das ideias, transformando o conhecimento empírico em científico, substituindo o controle monárquico e do clero pelo controle da sociedade, com a visão de espalhar pelo mundo a ideia de desassociação das igrejas e o estado, liberdades individuais, igualdade entre os homens e o sufrágio universal.
Em Londres é fundada em 1717 a Grande Loja da Inglaterra (UGLE – United Grand Lodge of England), na união das lojas Goose and Gridiron, The Crown, Apple-Tree Tavern e a Rummer and Grapes Tavern, sua preocupação inicial é aumentar seus quadros associativos e deter a quantidade de formas ritualísticas que surgiram na época, destoando a maçonaria dos princípios operativos deixados pelos construtores. Como resultado do trabalho inicial dessas lojas, em 1723 publicam o “The Book of Constitutions of Masonry”, o livro das constituições da maçonaria, que eleva, por reconhecimento, sua autoridade para além de Londres.
O conhecimento sobre a nova maçonaria que se formara atravessa o Canal da Mancha, e em 1725 é fundado o Grande Oriente da França (GODF – Grand Orient de Francé), que se reúne em assembléia e também passa a iniciar e reconhecer maçons que não trabalham na construção, bem como, pessoas ateias, gnósticas, agnósticas ou de qualquer outra religião ou crença. Com a chegada dos maçons modernos, que não trabalhavam na construção, os conhecimentos utilizados em torno da obra “física” deram espaço para metáforas sobre a construção do próprio ser e da sociedade, despertando nos membros sua responsabilidade de viver uma vida progressista para a humanidade, de não ser uma pessoa estéril na sociedade.
A maçonaria no Brasil
Conforme os anos foram passando, a maçonaria foi se estendendo pelo mundo todo, chegando ao Império do Brasil oficialmente em 1796 com a Loja Areópago de Itambé, fundada por Manoel Arruda Câmara. Em 1797 é fundada a Loja Cavaleiros da Luz em Salvador e a Loja União em 1800, que sucedeu a Loja Reunião em 1802 no Rio de Janeiro.
Em 1807, Dom João VI, imperador do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, é obrigado a fugir de Portugal que é tomado pela França durante as guerras napoleônicas, escoltado por uma esquadra inglesa e alguns navios portugueses, ele chega à Bahia em 24 de janeiro de 1808, em 8 de março do mesmo ano se transfere para a capital Rio de Janeiro – Onde tudo começou.
O clima político no Brasil era efervescente, altamente influenciado pela dissolução das colônias britânicas que fundaram os Estados Unidos da América em 1776 e pelo liberalismo que nascia paralelamente apoiado ao iluminismo. Como consequência, em 1789 tivemos a inconfidência mineira, em 1798 a conjuração baiana, entre outras revoltas.
Dom João VI foi um gestor público que influenciou positivamente em diversos aspectos os brasileiros naquele momento, já na sua instalação criou o Banco do Brasil, a Academia Militar, o Jardim Botânico, a Academia de Belas Artes, a Biblioteca Nacional, os Correios, o Museu Real, entre outras grandes entidades que existem até hoje. Além de ter reformado portos e ter feito o calçamento da capital, Rio de Janeiro, a maioria desses feitos com dinheiro do reino, herdado e trazido de Portugal.
Mesmo com todos esses feitos, o povo caminhava para sua independência política do reinado, da igreja e das autarquias portuguesas, e sendo assim, influenciados pelos ideais liberais e iluministas do incutidos pela maçonaria, em 1817 deflagram a revolução pernambucana, que como as outras revoltas é duramente reprimida pelas autoridades portuguesas. Paralelamente a isso, o Grão Mestre de Portugal – Gomes Freire de Andrade, lidera uma revolta para implantar um regime publicano em Portugal, que estava sob intervenção britânica, nas mãos de William Carr Beresford.
É descoberto o movimento e suas origens que fracassam, desencadeia-se dali uma série de perseguições aos maçons. Em 30 de março de 1818 Dom João VI decreta o fechamento das lojas maçônicas no reino de Portugal, Brasil e Algarves.
Em 1820 uma nova revolta popular em Portugal, que vive uma crise econômica sem precedentes – A revolução do Porto. Por aclamação dos portugueses e o fim das guerras napoleônicas, Dom João VI e a família real retornam para Portugal em 1821, deixando seu filho, Dom Pedro I como príncipe regente do Brasil, o que enseja o reavivamento da maçonaria no Brasil, com objetivo de constituir a primeira obediência nacional e usá-la como propulsora da propaganda liberal no país.
Conforme a ata de 2 julho de 1821, se reinstala a Loja Comércio e Artes “da Idade do Ouro”, praticante do Rito Adonhiramita. Ficou deliberado nesta data, o seu desdobramento com a finalidade de fundar e instalar as lojas Esperança de Niterói e União e Tranqüilidade, compondo dessa maneira o tripé inicial, sobre o qual se estalaria em 17 de junho de 1822 o Grande Oriente Brasílico. Os quadros das lojas são formados por sorteios entre os membros da Loja Comércio e Artes.
O principal objetivo desta nova (e primeira) obediência no solo brasileiro é a independência do Brasil, assim como nos meios maçônicos se deu com a fundação do Grande Oriente Brasílico.
A elite portuguesa, em crise econômica e enciumada com a evolução do Brasil, que fora fomentada pelo próprio Dom João VI desde sua chegada – e com dinheiro português, pressionava as cortes que redigiam a constituição portuguesa para rebaixar o Brasil para a categoria de colônia. Pressionado por essas cortes, Dom João VI emitiu três decretos:
– Que tornavam inefetivo o título de príncipe regente no Brasil;
– Suprimia o Supremo Tribunal do Rio de Janeiro, sendo que todas revistas de causas pleiteadas deveriam decidir-se em Lisboa, conforme a organização judiciária da época;
– Que repatriava e exigia o imediato retorno do príncipe regente Dom Pedro I para Portugal.
Obviamente isso não foi bem quisto pelos brasileiros, principalmente porque atropelava os princípios de igualdade, já que um cidadão qualquer não poderia interpelar no seu processo através da mais alta corte, já que ficara em outro continente, sendo isso reservado somente aos mais abastados ou pessoas do meio burocrático.
Começa então a primeira grande ação efetiva dos novos maçons brasileiros, que colhem cerca de oito mil assinaturas da população pedindo para o príncipe regente ficar no Brasil. Em 9 de janeiro de 1822, pronunciou-se o príncipe no episódio que ficou conhecido como “dia do fico”, dizendo: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico!”, declara também neste ato, que nenhuma ordem das cortes portuguesas seria cumprida no Brasil sem a sua autorização.
Em 2 de agosto de 1822 o príncipe regente é iniciado nos augustos mistérios da maçonaria, na Loja Comércio e Artes, recebe o nome histórico (característico do Rito Adonhiramita) de “Guatimozim”.
Daí em diante o Grande Oriente Brasílico (e mais tarde, o Grande Oriente do Brasil) passa a ser o percursor infiltrado em muitas das grandes decisões e dos momentos políticos do Brasil, do grito da independência até a proclamação da república, sempre agindo para o bem comum da sociedade, com o mais puro sentimento de patriotismo que permeia um maçom, e sendo exponente dos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade. Mas por aqui é o básico que você precisa entender da nossa história para passar ao próximo tópico.
Regularidade
Conforme observado, a maçonaria viajou através dos continentes e do próprio tempo, se remodelando em cada situação para atender as novas demandas e as intempéries sofridas pela humanidade. Dentro deste aspecto, ela não poderia se organizar como uma única instituição, com base e sede centralizadora, pois seria fácil que quaisquer tirano derrubasse sua organização, que não foi o caso até aqui.
Por isso também, Rotary, Lions e outras associações de serviços com administração centralizada, tem como premissa não intervir em política ou religião, elas sequer permitem o comentário sobre esses assuntos em suas fileiras.
Este método de organização talvez preceda a maçonaria especulativa, e remonte às guildas de construtores, quando membros reconheciam-se entre si através de toques e suas lojas seguiam estritos preceitos de regularidade, estes, que culminaram mais tarde na formatação dos oito pontos de regularidade (Eight points of regularity and recognition) que podem serem encontrados na íntegra no “Book of Constituitions”.
E aqui começa o desenrolar da nossa problemática, pois o primeiro (e mais importante ponto) diz que:
“Uma (nova) loja somente pode ser formada por uma obediência regular e reconhecida ou por três ou mais lojas regularmente constituídas em uma potência regular e reconhecida”.
Esse ponto é o que chamamos de regularidade de origem, ele determina se uma loja, e consequentemente seus membros, podem ou não se ligar a shirarquia (tenha aqui como família) maçônica. Aqui já são barradas a maioria das ditas “obediências maçônicas”, o que chamamos de espúrias – ou – simplesmente irregulares, mas que de fato, não passam de associações não maçônicas com trajes e rituais maçônicos. Pois embora figurem como tal, não são compostas seguindo os antigos ditames da maçonaria, e por assim, não podem ter ligação com a maçonaria regular e tradicional que une todos maçons do universo em prol de objetivos comuns.
Então, uma loja não pode ser formada por três, dez ou cem maçons regulares de lojas regulares e reconhecidas da maçonaria tradicional. Nem por uma única ou duas lojas de uma obediência dentro deste mesmo escopo, mas tão somente conforme diz a primeira lei: Por uma obediência regularmente constituída ou por três ou mais lojas regularmente constituídas.
Como a história nos mostrou, tivemos no Brasil uma grande descendência da maçonaria que permeava a Europa no século XVII e aqui se instalou fundando o Grande Oriente do Brasil, doravante denominado somente por GOB. Que em 1880 foi reconhecido pela Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE – United Grand Lodge of England), berço da maçonaria especulativa mundial, como regular e assim reconhecida em todo orbe terrestre por todas lojas maçônicas regulares e também reconhecidas. O GOB hoje acumula centenas de tratados, dos mais diversos tipos, com outras obediências regulares de todo o mundo.
Le Droit Humain
Em 1901 um grupo tenta uma mudança brusca no seio da Grande Loja Escocesa, contrariando os antigos costumes, Georges Martin, um maçom francês, convence os obreiros de uma loja de iniciar uma mulher. Assim feito, iniciam sob sigilo uma mulher chamada Maria Deraismes, militante feminista que queria ser membro da maçonaria.
Com este fato, descumpriu o quarto ponto de regularidade, que diz:
“Uma loja somente será compostas por homens; E cada obediência na hierarquia maçônica será composta somente por lojas de homens, sem miscigenação de sexo ou lojas que admitam mulheres”
Quando fora descoberto tal feito, todos envolvidos na oficina foram todos expulsos da Grande Loja Escocesa, e consequentemente, da grande família maçônica mundial. Tendo perdido seus títulos e ligação à maçonaria mundial, acabaram por fundar sua própria “obediência”, que admitiria desde sua fundação homens e mulheres, o nome dessa entidade é Le Droit Humain.
Talvez não tenha sido o berço da maçonaria espúria, ou irregular no mundo, omas certamente é o caso mais conhecido entre todos maçons e historiadores pelo seu tempo de atuação, que perdura até hoje.
Ao longo dos anos, novos grupos como o Le Droit Humain surgiram e acabaram dando forma para a nomenclatura “lojas mistas”, surgiram também grupos exclusivos de mulheres, que de fato, nada diferenciam-se das lojas irregulares somente de homens, pelo simples fato de não terem nenhuma ligação à maçonaria, somente utilizando de tal nome para simples alimento dos seus egos.
Le Droit Humain traduzido ao português quer dizer “direitos humanos” – Como se houvesse algum consenso mundial em relação a maçonaria, que certamente é inexistente! A maçonaria é uma organização de cunho filantrópico privado e discreto, onde somente homens convidados a fazerem parte de suas fileiras, após iniciados, são reconhecidos como legítimos maçons em uma fraternidade universal. Esta fraternidade é a guardiã dos princípios de igualdade, liberdade e fraternidade à eras que remontam mais de três séculos de história em praticamente todos os países do universo.
No Brasil, quem é regular?
Entre cisões, idas e vindas da maçonaria no Brasil, compilarei o básico que você precisa saber para entender (e também explicar) a regularidade de origem das obediências brasileiras que são regulares.
Grandes Lojas Estaduais (CMSB – Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil)
Em 1927, um desacordo no seio do GOB, em virtude de eleições mal realizadas e da cobiça de membros pelo poder, acabou gerando uma cisão em seis unidades federativas brasileiras, que por sua vez, uniram suas lojas e utilizando do preceito de três ou mais lojas regulares ter autoridade para fundação de uma nova grande loja regular, assim o fizeram. Foram fundadas na cisão de 1927 a Grande Loja do Amazonas, Grande Loja do Pará, Grande Loja da Bahia, Grande Loja da Paraíba, Grande Loja do Rio de Janeiro e Grande Loja de São Paulo. Em seguida, no mesmo embalo, foram fundadas a Grande Loja de Minas Gerais, a Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul e a Grande Loja Maçônica do Ceará.
Juntas, em 12 de novembro de 1965, elas fundaram a CMSB – Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, como um grupo que reúne e organiza os interesses comuns de todas grandes lojas estaduais – Note que a CMSB não é uma obediência maçônica como o GOB, mas um grupo que organiza diversas obediências maçônicas regulares situadas em cada estado brasileiro.
Essas novas obediências, embora regulares, não possuíam (ou ainda possuem) reconhecimento de nenhuma obediência com autoridade suficiente para reagrupá-las na grande shirarquia maçônica universal, ou seja, seus membros estavam impedidos de frequentas outras lojas se não da mesma obediência, e vice-versa, membros do GOB não poderiam (ou podem) frequentar lojas pertencentes às grandes lojas estaduais. Isso prevaleceu até 1999, quando as primeiras grandes lojas, após profundo e restrito escrutínio à cerca da sua regularidade, passaram a serem reconhecidas por grandes obediências internacionais e seus membros passaram a integrar a grande família maçônica novamente.
Grandes Orientes Estaduais (COMAB – Confederação Maçônica do Brasil)
O tempo passou e o Grande Oriente do Brasil retomou suas forças, mas o espírito de distância imposta entre os irmãos pertencentes aos grandes orientes estaduais (até então federados ao GOB) e as grandes lojas, somados ao descaso de parte da cúpula administrativa do Grande Oriente do Brasil e novamente brigas eleitorais, levaram a uma segunda cisão em 1973.
Há de entendermos que o Grande Oriente do Brasil funciona como uma república federativa, e na época, todos orientes estaduais à ele eram federados.
Desta vez, um a um, foram desfiliando-se do GOB um a um os grandes orientes de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e do Rio de Janeiro, que ficaram conhecidos como “grandes orientes estaduais”.
Estes grandes orientes, após a cisão, agruparam-se em uma entidade que representasse seus objetivos em comum e congregasse esforços para obtenção de resultados, esse grupo foi chamado de Confederação Maçônica do Brasil ou COMAB.
Quem é a CMI?
A CMI – Confederación Masónica Interamericana, é um colegiado que reúne 79 obediências regulares e reconhecidas dos continentes americanos para congregar objetivos em comum.
Concluindo o assunto
Logo, são regulares no Brasil somente três vertentes que nasceram de cisões da mesma obediência brasileira:
– As grandes lojas estaduais, representadas e agrupadas pela CMSB;
– Os grandes orientes estaduais, representados e agrupados pela COMAB;
– Os grandes orientes do GOB – Grande Oriente do Brasil.
A CMI, como a CMSB e a COMAB não são obediências maçônicas (e por isso não detém ou tem autoridade de reconhecimento) mas representam e congregam objetivos de grupos de obediências maçônicas regulares.
Praticar um ritual (coisa de seitas) ou ser maçom?
Muito se confunde na relação ritual e maçonaria. A imitação de um ritual maçônico autentico não o torna um maçom, ou faz de um templo uma loja, é preciso muito mais do que isso, é preciso principalmente estar conexo a grande rede mundial que integra todas obediências, lojas e maçons em todo o universo, com projetos, objetivos e princípios comuns. Isso é maçonaria!
Quem pratica ritual (seja adonhiramita, heredom, escocês antigo e aceito, york, moderno, ou qualquer outro) sem pertencer a maçonaria, pertence de fato a uma seita, nada além disso. Esses rituais podem ser encontrados na internet, com todas palavras chaves, toques e sinais possíveis. Saiba que não é (mesmo) isso que define o que é maçonaria ou o que é ser maçom, há um universo muito mais amplo.
Maçonaria irregular: Um problema social!
Quando uma pessoa é convidada a fazer parte da maçonaria, muito provavelmente ela não teve a sorte de ler este texto previamente.
Uma breve historinha…
O convite vem como um ovo de ouro, ou uma pérola rara, por um amigo, por um conhecido ou até um familiar.
Logo, essa pessoa, com a melhor das intenções, aceita e dispensa dinheiro e tempo em participar de entrevistas para sindicantes, preencher papéis, pagar taxas de iniciação, etc. Conversa com sua esposa, explica o pouco que sabe, convence e dá seguimento ao processo.
Passado algum tempo, recebe a noticia que seu nome foi aprovado, compra um terno, gravata, sapato, meia, cueca e aguarda o dia da sua iniciação. A esposa faz um almoço especial, o candidato se veste, almoça e aguarda ansioso a carona que virá buscá-lo. É “iniciado”, e após algumas horas retorna para casa; A esposa com receio em perguntar o que se passara, mas recebe um par de luvas brancas e algumas instruções.
E assim se vão as semanas, despendem os trabalhos, as sessões, os esforços, as instruções e tudo mais, como se em uma autêntica loja maçônica fosse, afinal… Até o teto é pintado com a abóboda celeste, cheia de significados e mistérios! Uau!
Vivemos em sociedade, e invariavelmente, em algum momento um vizinho bisbilhoteiro sempre nota sua saída semanal de terno, ou uma amiga da família comenta, e o que era pra ser discreto acaba tomando algumas bocas, que não falham em falar.
Sua esposa também tem seu circulo social, convive com amigas no cabeleireiro, no clube e na igreja. Após algum tempo, chega nestes meios a notícia que seu esposo “é maçom”, e como seus pares, convidam para que se juntem aos eventos promovidos pelas diversas lojas maçônicas da cidade. A esposa se arruma, faz chapinha, unhas, compra um vestido. O marido naturalmente querendo ampliar seu circulo social e conhecer pessoas diferentes daqueles que frequentam sua “loja”, também se arruma impecavelmente, mas ao chegar lá são barrados de entrar – Sinto muito, mas sua loja não é regular!
Na próxima sessão, comenta com seu padrinho, ou na “loja” onde foi iniciado. Recebe a explicação de que tudo é relativo, que regularidade e reconhecimento na maçonaria é “relativíssimo” e dentro das potências regulares existem membros que roubam, que querem dominar os outros membros e lojas, que são más pessoas na sociedade onde convivem. Que tudo é relativo e naquele lugar só querem fazer o certo, à parte de toda “podridão” da maçonaria tradicional, que são os salvadores de mais de três séculos de história da maçonaria.
É claro que uma pessoa tão boa não poderia estar mentindo, afinal, até o Roberto Jeferson, maior ícone na roubalheira do mensalão foi regularizado no Grande Oriente do Brasil… Assume isso por verdade, e o tempo passa, recebe o segundo, o terceiro grau… Resolve convidar um amigo! Faz todo o processo de indicação e inicia um afilhado. Este afilhado, passa pelo mesmo processo de iniciação que seu padrinho, as mesmas decepções.
Por ser muito mais vaidoso que seu padrinho, o afilhado espalha aos quatro ventos adesivos e caricaturas de “esquadros e compassos”. Certa vez vai procurar um emprego, e o empregador que é um maçom regular, percebendo que obviamente trata-se de um membro de uma “loja” espúria, por não conhecê-lo, sente-se tolido a não aceitá-lo, por melhor que seja suas qualificações, afinal, ficaria deslocado frente aos seus pares.
– E assim o vendedor não vende;
– O funcionário não é promovido (ou é demitido);
– A esposa é colocada em uma situação de total desconforto social perante suas amigas.
Vejam nessa pequena historinha quantos problemas sociais são gerados pelas falsas maçonarias, em quantas enrascadas nosso personagem entrou e colocou todos ao seu redor. É por isso que devemos lutar pela informação das pessoas e por conscientizar membros de falsas maçonarias para que não levem mais pessoas para estas associações, e também, se realmente desejam ser maçons, busquem sua regularização junto a entidades tradicionais, regulares e reconhecidas.
Não há nenhuma vergonha em não ser maçom, ou em ter caído nas unhas dessas entidades, muitas poucas pessoas tem a capacidade de se informar antes de aceitar um convite deste tipo, ainda mais, quando eles vem de uma pessoa próxima, ou com um pedido de sigilo, que coloca a pessoa a pensar nas coisas mais mirabolantes possíveis.
Mitos da regularidade (ditos por irregulares)
A loja (ou obediência) é regular porque é registrada nos órgãos competentes e possui CNPJ
Qualquer grupo de pessoas pode abrir uma associação, para os mais diversos motivos e assuntos, desde a defesa de animais até lojas maçônicas, o tramite é semelhante ao abertura de uma empresa.
A loja é regular porque segue os preceitos antigos e aceitos
Se seguisse os preceitos antigos e aceitos não haveria loja, se há loja e não é reconhecida pelos seus pares, algo de errado existe na formação desta nova loja – Tudo o que uma obediência regular quer é mais lojas e mais membros para fortalecer seus números e fileiras, isso é óbvio.
A maçonaria feminina (ou mista) não tem nenhum dever de regularidade para a maçonaria masculina (ou tradicional)
Não existem AS maçonarias, existe A maçonaria, embora que descentralizada, ainda assim, é uma organização mundial que congrega lojas seguindo os ditames acima citados de regularidade e reconhecimento, em nenhuma hipótese houve ou haverá agora ou no futuro uma loja somente com mulheres ou mulheres e homens misturados.
Existem duas (ou mais vertentes) da maçonaria, a regular é a da Inglaterra e a irregular é a da França, por aceitar ateus e não utilizar a bíblia, mas ambas são maçonarias
Sim, ambas são maçonarias! E a maçonaria francesa (representada pelo Grand Orienté de France – Nosso parceiro de conteúdos, inclusive) é descendente da maçonaria inglesa, ambas regulares e reconhecidas mundialmente. Nada tem a ver com questões de relativização das suas regularidades ou reconhecimentos.
Nós adotamos a constituição e/ou os landmarks de Anderson, Mackey, Chow-chow, Pitbull (ou qualquer outro) e por isso somos regulares
Landmarks pouco importam quanto sua regularidade de origem, se você não possuir a regularidade de origem, nenhum landmark poderá torná-lo maçom com um “canetaço”. É o mesmo que você afirmar ser descendente do trono inglês, sem jamais ter nascido de um ventre real… Nenhuma caneta no mundo mudará isso.
Como agir
Se você foi convidado a fazer parte da maçonaria: Pergunte ao seu padrinho, a pessoa que lhe convidou, qual o nome da loja e obediência ao qual pertence a loja, isso não é pecado ou imoral de ser perguntado mesmo a entidades regulares. Verifique se a loja realmente pertence à obediência indicada (ligando para ela), e se a obediência indicada está relacionada no site do GOB, COMAB ou CMSB.
Se você já entrou em uma falsa maçonaria: Deixe de participar das reuniões imediatamente, oriente qualquer outra pessoa que tenha indicado para fazer parte que também o faça, procure o Ministério Público para mais informações.
Regularização
Se perdura em você a vontade de ser maçom, não deixe de seguir o caminho correto para a integrar as colunas de uma loja regular. No nosso site temos um artigo bastante esclarecedor com algumas dicas para você ser atrativo para que outros maçons convide-os a ser iniciado, veja: como me tornar macom. Não deixe também de entrar em contato com as obediências maçônicas regulares da sua cidade para averiguar possibilidades conforme as regras daquela obediência ou loja.
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